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E quando o cliente quer os arquivos do projeto?

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Imagem via Shutterstock ©

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Esta semana iniciamos uma conversa no nosso grupo de discussão sobre os problemas que acontecem quando cedemos os arquivos originais (abertos) dos projetos aos clientes. Muitas vezes o projeto é re-editado por outra pessoa que não tem habilidades suficientes e acaba fazendo uma verdadeira porcaria com o trabalho original. A troca dos elementos, cores e textos, imagens esticadas e fontes espremidas fazem parte do rol de interferências mais comuns.

Existem duas maneiras de finalizar o seu projeto e entregá-lo para o cliente, através de arquivos fechados como PDFs, EPSs ou imagens raster, ou através dos arquivos abertos, originais e que podem ser editados por qualquer outra pessoa. Há um verdadeiro dilema quanto a entregar os arquivos originais para o seu cliente, fazer isso depende muito do perfil deste cliente e também do tipo de projeto que você está desenvolvendo.

Muitos profissionais transformam a entrega de seus arquivos abertos em um aditivo no orçamento do cliente, cobrando muito mais ou apenas fixando uma taxa para isto. Outros nem sonham em entregar seus projetos abertos aos clientes, fazendo disso um ato repulsivo e pecado impraticável. Ambos os métodos tem seus prós e contras, e cabe a você escolher de que forma irá trabalhar com seus clientes.

A discussão toda a cerca da entrega de arquivos abertos aos clientes começou quando um colega mencionou que o seu job havia sido alterado de maneira errônea e a sua marca foi mantida no projeto tornando ele o autor de tais alterações. O primeiro ponto que gostaria de eliminar nesta discussão é a inclusão de sua marca no projeto, quer dizer, eu não faço isso justamente porque trabalho com a entrega do projeto pronto para o cliente, e mesmo sendo aberto ou fechado o cliente que está comprando o projeto não gosta de ver que você quer pegar carona e “vender o seu peixe” no material dele.

Imagine se você fosse o cliente e solicitasse a arte de um material publicitário e quando o recebesse percebesse que o logotipo e o telefone do designer estão mais visíveis do que o seu próprio. Como você se sentiria? Claro, há casos e há casos, há muitas agências de publicidade que praticam colocar a sua marca discretamente e de maneira até harmônica no layout, outros preferem colocar apenas um pequeno texto bem pequeno em algum cantinho apenas com nome e telefone. Mas se você pretende entregar os projetos abertos para o seu cliente, esqueça esta prática. Ela mais prejudica do que ajuda!

Como entregar os arquivos do projeto para o cliente?

Você já deve ter se deparado com esta questão várias vezes, seja você um iniciante ou profissional que está no mercado há muito tempo pode ter dúvidas sobre como deve ser feito o fechamento e a entrega dos arquivos dos projetos de seus clientes.

Entregar ou não entregar os arquivos abertos do projeto para o seu cliente é uma questão metodológica, de fluxo de trabalho. Isso quer dizer que você pode ou não entregá-los de forma editavel, e quem deve decidir isso é apenas você. Não existe uma regra específica ou uma norma de conduta que dite o que você pode ou não entregar para o seu cliente, esta decisão envolve o ambiente em que o projeto está sendo desenvolvido e também a sua finalidade.

Entregar arquivos fechados

Há muitos profissionais que desenvolvem seus projetos e se limitam em entregar para o cliente apenas um arquivo fechado, geralmente em PDF ou EPS que dificultam modificações ou intervenções no layout sem a autorização de quem o criou. Esta prática é muito comum em agências de publicidade que desenvolvem o projeto como uma espécie de prestação de serviços, onde apenas ela é a responsável por desenvolver, executar e editar o projeto. Se o cliente quiser mudar uma letra de posição na hora da impressão deverá entrar em contato com a agência para que um profissional capacitado faça as devidas alterações sem colocar em risco os elementos que compõe o projeto.

Isto evita que outra pessoa interfira no layout realizando alterações que muitas vezes comprometem o projeto inteiro. É muito comum, por exemplo, solicitar na gráfica que sejam feitas alterações no layout sem o devido conhecimento do designer que podem resultar em verdadeiros Frankesteins. Imagens distorcidas ou achatadas, fontes esticadas e elementos de cores que não se relacionam e deixam o layout feio e amador.

O ponto positivo é que se mantém a integridade do projeto, e como apenas quem o criou é quem faz as alterações, o layout se manterá integro e com os aspectos do projeto original. Em contrapartida, se o cliente quiser se desligar da agência terá de criar um novo projeto com outro prestador de serviços, o que lhe trará um custo bem elevado, sem mencionar que mesmo que seja a sua marca estampada na campanha, ele não poderá usá-la, pois é de propriedade da agência, e ela detém os direitos sobre os elementos, formas, layout e conteúdo, salvo quando expresso em contrato que a campanha pertence ao contratante, não ao contratado.

Entregar arquivos abertos

Boa parte dos designers freelancers se comportam de maneira semelhante às agências, são bem cuidadosos na hora de finalizar e entregar o projeto e se limitam em distribuir um arquivo fechado. Embora o custo dos serviços de um freelancer seja até menor do que os da agência, este profissional também deve se precaver quanto ao uso indevido de seus projetos, afinal, é o seu nome que está em jogo quando um projeto seu é alterado e vai para as ruas com uma aparência amadora e diferente do projeto original.

Entretanto surge a necessidade do cliente receber os arquivos abertos dos projetos, de maneira que ele tenha mais flexibilidade e possa levá-los para onde quiser e editá-los como convier, por exemplo, na hora da impressão, alterações de informações pessoais e de contato, etc. Esta atividade exige muitos cuidados e embora seja repudiada pela maioria dos profissionais pode ser a saída para evitar trabalho desnecessário e repetitivo.

Entregar os arquivos abertos pode ser uma boa alternativa nos casos em que o designer não oferecerá suporte de acompanhamento na impressão ou execução do projeto ou campanha. É uma forma de trabalho praticada inclusive por profissionais que produzem para instituições de grande porte, que necessitam da criação mas contam com profissionais habilitados para fazer pequenas alterações no job dentro do seu ambiente de trabalho. O lado ruim disso é que você entrega o job nas mãos inexperientes do cliente, que por sua vez faz o mesmo solicitando alterações para pessoas que não conhecem o projeto ou não são qualificadas para manipulá-lo. Embora isto aconteça com menos freqüência é algo que nos deixa preocupados.

Eu, por exemplo, trabalho exatamente desta forma, desenvolvo peças publicitárias para empresas e quando termino entrego todo o material criado para o cliente, todos os arquivos abertos, imagens, fontes. Isto porque o cliente efetivamente está pagando por isso, é ele quem paga pelas imagens, pelas fontes, pelos vetores, então no desenvolvimento do orçamento o custo de todo o projeto é direcionado para o cliente cedendo a ele totais direitos sobre o projeto final. Isto me ajuda a entregar um trabalho que o cliente poderá usar e re-aproveitar posteriormente, inclusive com outros profissionais, dando a ele liberdade para alterar, modificar e decidir o que quer fazer com o projeto depois que eu entregar para ele. 90% dos meus clientes fazem as alterações do projeto original comigo, justamente porque acreditam que nada melhor do quem o criou para modificá-lo. Os outros 10% acabam recorrendo à mão de obra mais barata para fazer as alterações e muitas vezes acabam se arrependendo.Entregar o projeto aberto para o cliente inclusive me desafoga de trabalho excessivo, não é legal receber uma ligação no meio do almoço pedindo para eu mudar um número de telefone.

Um problema comum no mercado criativo aqui da minha cidade é justamente as empresas que cobram pouco ou nem cobram para desenvolver os projetos dos clientes, mas se recusam a entregá-lo quando o cliente quer migrar para outro prestador de serviço. É quase como uma venda casada: “Te dou a arte de graça, mas você é obrigado a imprimir com a gente”.

Para mim isto é o cúmulo da ignorância e do despreparo. Tanto quem oferece mão de obra criativa de graça em troca de prestação de serviço perde dinheiro, quanto quem contrata este tipo de serviço muitas vezes recebe um trabalho amador e ainda fica acorrentado ao prestador de serviço, pois não tem o direito de levar a arte do projeto para outra gráfica ou empresa de comunicação visual. Sem falar no estrago que isto faz para o mercado de um modo geral, onde clientes acreditam que não devem pagar por projetos de design.

A solução para isto é muito simples: Prestador, cobre o valor justo e entregue o projeto ao cliente, ofereça-lhe a possibilidade de ter dois serviços distintos, um de criação e outro de impressão. Cliente, pague o valor correto e receba o seu projeto e a liberdade de usá-lo quando, onde e como quiser.

Seja lá qual for o seu método de trabalho, sempre deixe tudo muito claro para o seu cliente. Se vai entregar os arquivos fechados, use um contrato que especifique isso, os limites de edição, as obrigações do cliente e também as suas. Se você vai entregar o projeto aberto, certifique-se de finalizar o arquivo de forma que facilite a edição.

Como disse no começo deste post, não existe uma regra para como você entrega os seus projetos, vale avaliar qual a melhor solução para o seu cliente e para você.

E você? Como entrega um projeto para o seu cliente? Gostaria de saber mais sobre como você trabalha nos comentários.


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